21.12.09

Kahtmandu

No budismo encontramos diversos tipos de representações do corpo, fala e mente de Buddha
As representações do corpo de Buddha geralmente são estátuas e pinturas; da sua fala, os textos sagrados e de sua mente são as estupas.

Historicamente surgida na Índia através das chaitya ou montículos/túmulos funerários do budismo antigo. No budismo primitivo, a forma da estupa representava simbolicamente também a pretuberância craniana (skt. ushnisha) do Buddha, por conter ou proteger a mente do Buddha incapaz de ser percebida, incorporando tanto o diagrama do caminho à iluminação como a iluminação em si própria.

O termo tibetano para Estupa é “Tchorten” (tib. mchod rten) que siginifica literalmente um “suporte para oferenda” e é uma representação simbólica da mente do Buddha. É o nome dado à uma representação física da mente da iluminação ou mente iluminada dos Buddhas. Originalmente na Índia, a Estupa era um simples monte de terra com um ornamento tal como um guarda-chuva o coroando. Este, gradualmente tornou-se estilizado e mais adiante oito tipos específicos de estupa (tib. mchod rten brdyad) foram enumerados na tradição budista na Índia e no Tibete.

A Estupa pode ser considerado um tipo de mausoléu, contendo restos mortais, cinzas ou objetos de grandes mestres já falecidos. É também um relicário, onde guardam-se objetos sagrados desde imagens de Buddha, escrituras religiosas e/ou coisas materials que pertenceram a um grande mestre, tiveram contato com seu corpo ou foram apontadas pelo mesmo como sendo de valor espiritual.


Uma vez, quando um monge estava se prostrando para uma estupa que continha cabelos e pedaços de unhas de Buddha, Ananda perguntou a Buddha quais poderiam ser os benefícios de tal ato. Buddha respondeu:

“Uma única prostação é tão poderosa que, se como resultado dessa ação aquele que se prostrou se tornasse um imperador universal tantas vezes quanto o número de grãos de pó abaixo de seu corpo até as profundezas da terra, os benefícios de tal ato ainda não estariam exauridos.”


Estupa de Boudhanath (tib. mchod rten bya rung kha shor)


Há muito tempo, no Nepal, uma mulher chamada Samvari (tib. bya rdzi mo), filha do criador de galinhas Salé, teve quatro filhos de uniões com um criador de cavalos, um guardador de porcos, um criador de aves domésticas e um criador de cachorros. Samvari e seus quatro filhos ofenderam o orgulho de ricos e poderesos de sua região por ter construído um monumento magnífico em homenagem ao Buddha com as permissões do rei da época, erguendo uma estupa com mel poupado de suas rendas. Quando invejosos senhores feudais solicitaram ao rei a demolição da estupa, ele respondeu que uma vez que a autorização para esta construção tenha sido dada pelo rei, esta não pode ser rescindida, o qual é significado implícito de “Djarung Khashor”, nome dado a estupa.

A história da Estupa Djarung Khashor foi relatada também em Samye, pelo próprio Guru Padmasambhava onde lhe foi perguntado pelo rei Trison Detsen para que contasse a ele e outros discípulos qual foi o fruto das aspirações dos construtores da estupa Jarung Khashor. Guru Padmasambhava narra as preces dos bem-feitores filhos de Samvari e também os aponta como sendo reencarnações passadas dos principais protagonistas no espalhar a doutrina do Dharma no Tibete – o próprio Guru Padmasambhava, o abade Shantarakshita, o rei Trison Detsen e seu ministro Basal Nang. Quando estes quatro cruzam-se no Nepal e no Tibete, seu encontro é descrito como sendo uma re-união.

Quando a estupa foi consagrada 100 milhões de Buddhas dissolveram-se nela como também ela contém a fortuna e bençãos de ter sido preenchida com as relíquias sagradas destes Buddhas (tib. ring gsrel).

Esta escrito que a estupa Djarung Khashor é também uma das oito estupas construídas sobre os Oito Grandes Solos de Cremação das Oito Mamos (Oito Deusas-Mãe, skt. astamatrka) do séquito de Kala Bhairava quando muito tempo atrás Bhairava foi subjugada por Chakrasamvara.